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Elza Mesquita

Elza Mesquita

Professora adjunta no Departamento de Ciências da Educação e Supervisão da Escola Superior de Educação-Instituto Politécnico de Bragança. Mestre em Ciências da Educação, na área de especialização de Formação de Professores pela Universidade de Lisboa. Doutorada em Estudos da Criança, pela Universidade do Minho.Pós-doutorada em Ciências da Educação pela Universidade Católica Portuguesa do Porto. Membro colaborador do Centro de Investigação em Estudos da Criança (CIEC) (UM) e membro integrado do Centro de Investigação em Educação Básica (CIEB) (ESE-IPB). Autora e co-autora de vários artigos, livros e capítulos de livros científicos (nacionais e internacionais).

Falar de mim é recordar a criança que fui num lugar paradisíaco bem no meio dos montes. Com o meu pai, homem simples, encantador e guardador de florestas, aprendi a preservar a natureza e a arte de esculpir meticulosamente formas em troncos de madeira. Recordo com saudade, as noites de inverno em frente a uma grande lareira, no aconchego do seu colo, os troncos de madeira se transformarem, perante o meu olhar incrédulo e expectante, em cegonhas, galos, lobos, esquilos, veados, coelhos e raposas. Era fascinante observar a mestria com que executava aquelas figuras mágicas que ganhavam vida nos diálogos que depois criávamos juntos. Esses eram, sem dúvida, os meus brinquedos de estimação. Recordo, ainda, a liberdade com que percorria os campos ingremes e desafiadores que se perdiam de vista da Casa da Floresta onde morava. Desses tempos guardo o entusiasmo pelos animais frágeis e indefesos que ignoravam a minha presença e consentiam o meu olhar atento sem que as suas rotinas fossem perturbadas e alteradas. As formas, os cheiros, as cores e o dia a dia do caracol, do escaravelho, da joaninha, da formiga, da lagartixa, do ouriço cacheiro… eram por mim controlados até ao ínfimo pormenor. Talvez essa minha curiosidade e o gosto por explorar o desconhecido justifiquem a minha persistência sobre as coisas da vida e tenham influenciado o facto de me ter tornado colecionadora de insetos e jogos de engenho. A paixão pela literatura surgiu mais tarde, quase inesperadamente, pois em criança nunca fui uma leitora exímia, uma vez que nesse tempo os livros eram escassos e não estavam ao meu alcance, lia apenas o que requisitava na biblioteca itinerante da Gulbenkian.

Ana Pereira

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Professora do 1.º Ciclo do Ensino Básico. Mestre em Estudos da Criança na área de Comunicação Visual/Expressão Plástica pela Universidade do Minho. Doutorada em Estudos da Criança, na área de Literatura para a Infância pela Universidade do Minho. Membro colaborador do CIEC da Universidade do Minho e do CIEB da ESE-IPB. Formadora do Centro de Formação da Associação de Escolas Bragança Norte. Autora e co-autora de artigos e capítulos de livros científicos.

De criança recordo a pequena aldeia onde nasci. Os caminhos de terra batida, desenhados em montes e vales que percorria  devagar, ao pé-coxinho, a saltar ou a correr. Recordo os banhos num dos lagos de água fresca e cristalina que existia no meio das rochas graníticas da ribeira. Recordo o canto do cuco a anunciar a Primavera e a minha ingenuidade  de criança em acreditar que ele tinha a capacidade de predizer o futuro. Recordo que às vezes dava por mim a perguntar "Cuco dalém da ribeira quantos anos me dás de solteira?". O poder adivinhatório do cuco fascinava-me e levava-me a inventar e a gritar outras questões cuja resposta pudesse ser contabilizada pelo número de vezes que o cuco cantava. Preenchem ainda a minha memória o cheiro do funcho, o vermelho das papoilas, o roxo das violetas, o som do sobiote construído com o caule do trigo verde e o sabor da madressilva.  Recordo as histórias medonhas (com bruxas, lobisomens, olharapos, trasgos e outras tantas figuras estranhas) que ouvia dos adultos às soleiras das portas nas noites quentes de verão ou ao lume crepitante da lareira nas noites escuras e frias de inverno. Recordo mundos fantásticos cheios de cor e magia inventados pela minha mãe no momento em que me contava histórias para adormecer. O modelo de honestidade e de caráter que representava a minha mãe semeou em mim a fé, a esperança, a determinação e a gratidão. Com ela aprendi a não desistir dos sonhos, aprendi comportamentos e atitudes que que me permitem ultrapassar alguns obstáculos da vida.  Com a Elza descobri que gosto de (re)inventar e contar essas e outras histórias.   

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